segunda-feira, fevereiro 12, 2007

ouço a chuva

ouço a chuva.
ouço o vento.
nada vejo,
tudo almejo.

ensonado e com insónias
procuro,
incansavelmente pela pergunta correcta.
... ... tudo porque apenas
quero mais definição.
mais! ...

[a chuva acumula-se.
a água a correr
desvia-me.
desfoca-me.]

não sou Branco,
não sou Preto.
sou Negro!

por dentro. por fora.
ontem não.
amanha? sempre.
mas sobretudo agora.

incessantemente os Cinzas
me atormentam.
porquê não sei,
mas ainda me surpreendem.

esta minha tendência para me misturar.
nunca serei perfeito.
mas vale a pena tentar.

...

a cada segundo contado
nas Trevas estou assegurado.
nas Trevas ...
imortalizado.

...

quero sentir a chuva no meu corpo,
pura
solidão que sinto passando por mim.

serei desejo
concretizado.
serei
a luz Negra
iluminando a Corrente.

um dia.

talvez por tudo,
me sinta um terço
do que realmente sou.
nada.

[nada mais define a vida senão as personalidades.
podemos ser o que quisermos,
podemos ser o que os outros quiserem,
mas no fim somos apenas a soma das nossas decisões.]

ele, o Terceiro Gémeo.

____________\ FIM /____________

é bom saber dar conta dos pormenores.
a espera de algo ... por algo.
a intrigante parte da mente curiosa.
a natureza fascina-me. pois só ela tem as velhas sensações que apenas uns privilegiados podem degustar.
gosto de me ver como um privilegiado.

Mário F. R. S. Barbeira

[Fotos: Todos os direitos reservados ao respectivo site]